O lindo mundo da maternidade

Ontem:
Chegámos a casa, eles implicantes, sem regras, birra face aos tpc, ouvidos surdos a qualquer ordem. Eu louca com o cenário, paciência zero, grito como só uma mãe em dia não sabe gritar e instala-se-me uma dor no pescoço a ir para o braço. Penso que é melhor ligar ao homem, que se despache antes que me dê o treco. Acabo por ligar, não pelo treco mas pela promessa de uma semana de castigo, o pai está a ouvir e concorda, vejam lá a vossa vida (ao que uma pessoa chega). Birra com a sopa, olhos em lágrimas ante a escova de dentes, juro que até as almofadas tinham qualquer problema, santa implicância. Foram para a cama já passava bem das nove, até as brincadeiras do pai, que adoram, lhes faziam impressão, eu doida por deitá-los e por me sentar um bocadinho. Ainda comento com o homem que a adolescência deles vai ser muito complicada para mim. Ele sossega-me, não chego a chorar. Assim que me sento adormeço automaticamente que nem o Conan me manteve os olhos abertos.

Hoje:
Chegámos a casa, vou à rua buscar lenha e quando entro estão sentados a fazer tpc (what?). Acabam tpc, digo para subirem para o banho, o que fazem alegremente, em corridas e jogo do apanha, uma delícia de meninos. Os 3 no banho, música dos anos 80 a tocar no rádio, dançam, esfregam-se, e saem um a um sem as birras do "primeiro ele, ontem fui o primeiro a sair". Roupinha para cada um, uma secadela no cabelo, voltam a sair ordeiramente e descem para jantar. Quando descem os 3 vou para desligar a música mas começo a dançar e foram 3 músicas non-stop a dançar feita louca-mas no bom sentido- no wc, uns 15 minutos de ginástica que nos anos 80 as musicas nunca mais acabavam. Fico com dor de burro (sabem, aquela na barriga, quando não estamos habituados a muita ginástica), desço com a mão a apertar os abdominais (ahahahah) tal a dor, mas feliz.
Termino o jantar deles, faço o nosso e, pasmem, o almoço do dia seguinte, por sinal uma feijoada de feijão branco, pouca carne, muitos cogumelos dos verdadeiros que uma senhora conhecedora oferece todos os anos ao meu sogro. Tachos com duas refeições ao lume, dou-lhes o jantar, comem, 10 minutos de bonecos na tv e pedem para ir para a cama, que se está lá melhor. Passava pouco das 8 da noite e estava tudo deitadinho (what?).
Há ainda um pedido de leite, uma conversa sobre o dia anterior, se a mãe é chata, que não, que têm que ouvir quando falo, que há deveres e só depois prazeres para facilitar a vida de todos. Sorrisos, beijinhos, desço e acabo as refeições, arrumo a cozinha e espero o homem que ainda está no trabalho.

Várias conclusões e possibilidades:
- Pensaram que agiram mal (ahahahaah) ontem e hoje atinaram;
- Ter filhos é não ter rotina, mesmo quando as há;
- O meu signo hoje está numa boa casa astral;
- Ter filhos é viver num estado bipolar constante;
- A maternidade é como a própria vida, com caminhos sinuosos, outras vezes em linha recta. Tão bonito, isto! Ahahahahah

3 comentários:

  1. Esqueceste-te de dizer que ter filhos é como andar na montanha russa, mas lá está bipolar também serve perfeitamente ;)

    És uma verdadeira poetisa da prosa!

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